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24 julho 2011

João Linhares Barbosa - Biografia - "O ardinita" - Audio - Musica

João Linhares Barbosa, poeta e jornalista, nas­ceu em Lisboa em 1893, na freguesia da Ajuda onde viveu toda a sua vida e foi lá que veio a falecer em 1965.


Incentivado por Martinho d'Assunção (pai) e por Domingos Ser­pa, enveredou pela poesia na linha do sentimenta­lismo ultra-romântico. Vivia exclusivamente do fruto das suas composições, vendendo as suas cantigas, tal como os outros poetas da altura, pois não havia como hoje as gravações, e portanto era uma forma de receber monetáriamente o retorno do seu trabalho.


Começou a publicar os seus versos no Jornal A voz do Operário, chegando muitas das vezes a ser ele próprio a declamá-los
Em 1922 iniciou a publicação da Guitarra de Portugal que dirigiu até ao final da primeira série, em 1939, e que foi o mais influente jornal da im­prensa fadista, exercendo durante quase duas déca­das forte influência na evolução do Fado.
Sob a sua direcção, a Guitarra de Portugal não só divulgou centenas e centenas de poemas para o repertório fadista como se envolveu em duras po­lémicas com os críticos do Fado, particularmente activos durante a década de 30. O jornal contou com numerosas colaborações (Stuart de Carva­lhais, Artur Inez, Antônio Amargo) e constituiu um precioso elemento de ligação entre os amado­res de Fado, tendo assinantes em praticamente todo o país.
Conti­nuou a colaborar na II série (1945-1947) e noutros jornais, nomeadamente o Ecos de Portugal, que sur­giria em substituição da Guitarra.


Foi muito tempo Director Artístico do Salão Luso.

Em 1963 é Homenageado no Coliseu dos Recreios, recebendo o prémio da Imprensa para o “Melhor Poeta de Fado”


Em 1995 a Câmara Municipal de Lisboa presta-lhe a justa consagração dando o se nome a uma rua de Lisboa, no Bairro do Camarão da Ajuda.


Foi e ainda é, um dos mais admirados poetas do Fado, a sua produção ultra­passou decerto o milhar de poemas, entre os quais se contam algumas das mais duradouras letras tradi­cionais, entre outras:
É Tão bom Ser Pequenino; Lenda das Rosas; Cinco Pedras; Dá-me o Braço An­da Daí; As Sardinheiras; Cabeça de Vento; O Ardinita; Ternura, O Leilão da Mariquinhas; Depois do Leilão Fado dos Alamares; Não te Lembres de mim; O Meu; O Pierrot; Lembro-me de Ti; Mocita dos Caracóis; O Remorso; Vida Airada; Perdição; O Fado da Mouraria; Desespero; As Pedras; Aquela Rua, Ternura, Cabeça de Vento, O Ardinita, Eterna Amizade, Fado Menor, Lenda das Rosas, O Fado da Mouraria, Vida Airada, Disse Mal de Ti, Fado Corrido, Fado das Tamanquinhas, Faia, Lá porque tens cinco pedras, Não digas mal dele. Os teu Olhos são dois Círios, Sei Finalmente, Troca de Olhares.
 

Com Baerta Cardoso e Alfredo Marceneiro no Faia
 Com Domingos Camarinhas, Sérgio, Amália Rodrigues e Berta Cardoso na VIela

"O ardinita"

23 julho 2011

Carlos Ramos - "A biografia do fado" - Audio - Musica





O Rei Humberto de Itália, durante o seu exílio em Portugal tornou-se apreciador do Fado, Lucília do Carmo e Carlos Ramos estavam entre os fadistas que mais admirava e com quem manteve relações de amizade. 
                                                                                     A fotografia está datada e legendada pelo próprio Carlos Ramos.

Era assíduo frequentador d’ O Faia e d’ A Toca.
Nesta última casa de fados ocorreu um episódio que não resisto á tentação de contar:
O piso superior da Toca era um local semi-privado, destinado aos ensaios do elenco e a receber alguns convidados especiais.

Não era raro, poetas como Linhares Barbosa, Domingos Gonçalves Costa, entre outros, ali escreverem belas letras para fado e algumas vezes acontecer serem logo musicadas, ou arranjadas pelos guitarristas.
Presença obrigatória neste espaço era o “Tony-Fotógrafo” que ganhava a vida a tirar fotografias nas casas de fado, com a sua Rolley Flex.
O Tony tinha um pequeno estúdio “preto e branco” no Bairro Alto, de forma que as fotos ficavam prontas a tempo de serem vendidas aos clientes na mesma noite.
Ainda hoje invejo os negros profundos e o alto contraste que o Tony conseguia nas suas ampliações.
Era gente boa, simples, genuína, a falta de cultura era compensada por uma sensibilidade e um coração enormes.
O Tony conhecia a fundo duas coisas: a fotografia e a vida nocturna.

Naquela Noite, Humberto de Itália encontrava-se neste espaço, saboreando uma bebida e conversando com Carlos Ramos e com o Prof. Martinho D’Assunção.
É então que chega o Tony que vendo ali uma oportunidade de ganhar mais uns trocos, agarra na guitarra do Francisco Carvalhinho, aproxima-se do Rei e solta esta frase simples e eficiente e despida de protocolos:
- Oh Senhor reizinho, tire lá um rotratinho ca guitarrinha da mão !!!!  


O Fado era assim, nivelava as classes sociais, mesclava culturas e acima de tudo tinha gente realmente bonita.

Abrantes 14 de Fevereiro de 2007

Eduardo Ramos de Morais