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29 junho 2019

Poesia - Linhares Barbosa : "O ardinita"


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Oh minha mãe, minha mãe, Oh minha mãe minha amada         Quem tem uma mãe tem tudo quem não tem mãe, não tem nada

O ardinita, o João, levantou-se muito ledo porque tinha que estar cedo à porta da redação, trincou um naco de pão que lhe soube muito bem, antes de partir, porém, beija a mãe adormecida e disse: Cá vou à vida Oh minha mãe, minha mãe

A mãe com todo o carinho deitou-lhe a bênção, beijou-o e depois aconselhou sempre muito juizinho, toma conta no caminho não fumes, não jogues nada, pode ficar descansada diz ele, prá iludir e tornou-se a despedir Oh minha mãe, minha amada

Cruzou toda a Madragoa satisfeito a assobiar, uma marcha popular Do Santo João em Lisboa, nisto pensou : é tão boa a minha mãe... e contudo como a engano, a iludo e lhe minto, coitadinha gramo tanto essa velhinha,  quem tem uma mãe tem tudo

Neste calão repelente da gíria da malandragem existe um quê de homenagem nessa boquita inocente ;  marcha pró jornal, contente Sempre d’alma levantada e como o calão lhe agrada repete, como eu a gramo, tanto lhe quero, tanto a amo...

Quem não tem mãe não tem nada.