Oh minha mãe, minha mãe, Oh minha mãe minha amada Quem tem uma mãe tem tudo quem não tem mãe, não tem nada
O ardinita, o João, levantou-se muito ledo porque tinha que estar cedo à porta da redação, trincou um naco de pão que lhe soube muito bem, antes de partir, porém, beija a mãe adormecida e disse: Cá vou à vida Oh minha mãe, minha mãe
A mãe com todo o carinho deitou-lhe a bênção, beijou-o e depois aconselhou sempre muito juizinho, toma conta no caminho não fumes, não jogues nada, pode ficar descansada diz ele, prá iludir e tornou-se a despedir Oh minha mãe, minha amada
Cruzou toda a Madragoa satisfeito a assobiar, uma marcha popular Do Santo João em Lisboa, nisto pensou : é tão boa a minha mãe... e contudo como a engano, a iludo e lhe minto, coitadinha gramo tanto essa velhinha, quem tem uma mãe tem tudo
Neste calão repelente da gíria da malandragem existe um quê de homenagem nessa boquita inocente ; marcha pró jornal, contente Sempre d’alma levantada e como o calão lhe agrada repete, como eu a gramo, tanto lhe quero, tanto a amo...
Quem não tem mãe não tem nada.