Rio de Onor e Rihonor de Castilla são duas aldeias transfronteiriças separadas por um rio mas com tradição e dialecto comuns.
Os diálogos são travados em rionorês, descendente da língua asturo-leonesa e do período em que o limite da fronteira era incerto e difuso.
Não muito distantes, correm as águas do rio Onor e, na outra margem, meia dúzia de casinhas de xisto abrigam a população de Rihonor de Castilla, com não mais de 20 habitantes.
A fronteira entre Portugal e a província espanhola de Castela e Leão está traçada entre as duas aldeias, mas tudo fica acessível através da ponte romana sobre o rio e, para os habitantes, é indiferente se existem, ou não, limites fronteiriços nos mapas.
Cerca de meia centena de aldeãos portugueses consideram que ambas são um único povoado e atestam-no de forma comunitária: no moinho, no forno, na Casa do Touro (adaptado a espaço museológico), no culto religioso, na partilha do único rebanho, nas casas de xisto de dois andares nas quais o piso térreo é, com frequência, reservado para o gado e para cereais e, claro, no dialecto que vem dos tempos de antanho.
Rio de Onor não é a única povoação transfronteiriça com Espanha, mas é quase única, pois esta singularidade geográfica ditou uma evolução linguística específica, acarinhada pelos falantes das duas aldeias. Em muitos aspectos, Rio de Onor é uma típica aldeia transmontana. Apesar do crescimento gradual do turismo, as ruas estreitas, a antiga igreja de xisto e a ponte romana continuam preservadas.
Paulo Rolão
NationalGeographic