A
caravela foi o navio que marcou os descobrimentos portugueses, resultando do aperfeiçoamento de embarcações já usadas na faina da pesca. Era e ágil e de navegação mais fácil, com uma tonelagem entre 50 a 160 toneladas e 1 a 3 mastros com velas latinas triangulares que permitiam
bolinar. A pouca capacidade de carga e tripulação eram os seus principais inconvenientes, mas que não obstaram ao seu sucesso. Entre as caravelas famosas estão a
Bérrio e a
Caravela Anunciação.
Com a passagem das navegações costeiras às oceânicas também as
naus se desenvolveram de forma assinalável em Portugal. "Nau" era o sinónimo arcaico de
navio de grande porte, destinado essencialmente a transportar mercadorias. Devido à
pirataria que assolava a costa, passaram a ser utilizadas na marinha de guerra. Foram introduzidas as bocas-de-fogo, que levaram à classificação das naus segundo o poder de
artilharia. À medida que se foi desenvolvendo o comércio marítimo, foram sendo modificadas as suas características. A capacidade aumentou das duzentas
toneladas no século XV até às quinhentas. As naus eram imponentes e tinham, em geral, duas cobertas, castelos de
proa e de
popa, dois a quatro
mastros e
velas sobrepostas. Na
carreira da Índia no século XVI foram também usadas as
carracas, naus de
velas redondas e borda alta com três
mastros que atingiam 2 000 toneladas.Navegação astronómica
No século XIII era já conhecida a
navegação astronómica através da posição solar. Para a navegação astronómica os portugueses, como outros europeus, recorriam a instrumentos de navegação árabes, como o
astrolábio e o
quadrante, que aligeiraram e simplificaram. Inventaram outros, como a
balestilha, para obter no mar a altura do
sol e outros
astros, como o
Cruzeiro do Sul descoberto após a chegada ao hemisfério Sul por João de Santarém e Pêro Escobar em 1471, que iniciaram a navegação guiada por esta constelação. Mas os resultados variavam conforme longo do ano, o que obrigava a correcções. Para isso os portugueses utilizaram tabelas de inclinação do Sol, as
Tábuas astronómicas, preciosos instrumentos de navegação em alto-mar, que conheceram uma notável difusão no século XV. Quando se introduziram na
náutica as observações
astronómicas que a revolucionaram, em particular a observação de altura
meridiana do Sol para com o conhecimento da
declinação solar, se poder calcular a
latitude do lugar, recorreu-se às tábuas Almanach Perpetuum, do astrónomo
Abraão Zacuto, publicadas em
Leiria em 1496, que foram utilizadas, juntamente com o seu astrolábio melhorado, por Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral.Técnicas de navegação
Mapa mostrando a localização das principais correntes e ventos oceânicos giratórios
Além da exploração do litoral foram feitas também viagens para o mar largo em busca de informações
meteorológicas e
oceanográficas (foi nestes trajectos que se descobriram os arquipélagos da Madeira e dos Açores, o
Mar dos Sargaços). O conhecimento do regime de ventos e correntes do Atlântico e a determinação da latitude por observações astronómicas a bordo, permitiu a descoberta da melhor rota oceânica de regresso de África: cruzando o Atlântico Central até à latitude dos Açores, aproveitando os ventos e correntes permanentes favoráveis, que giram no sentido dos ponteiros do relógio no hemisfério norte devido à
circulação atmosférica e ao efeito de
Coriolis, facilitando o rumo directo para Lisboa e possibilitando assim que os portugueses se aventurassem cada vez para mais longe da costa, manobra que ficou conhecida como "volta da Mina", ou "
Volta do mar".Cartografia
Com o seu filho,
Jorge Reinel e o cartógrafo
Lopo Homem, participou na elaboração do
atlas conhecido por
Atlas de Lopo Homem-Reinés ou Atlas de Miller'', de 1519. Foram considerados dos melhores cartógrafos do seu tempo, a ponto do imperador
Carlos V os desejar a trabalhar para si. Em 1517, o rei D. Manuel I de Portugal passou a
Lopo Homem, cartógrafo e cosmógrafo português, um alvará que lhe dava o privilégio de fazer e emendar todas as agulhas (bússolas) dos navios.
Na terceira fase da antiga cartografia náutica portuguesa, caracterizada pelo abandono da influência de
Ptolemeu na representação do Oriente e por uma melhor precisão na representação das terras e continentes, destaca-se
Fernão Vaz Dourado (Goa ~1520 — ~ 1580), cuja obra apresenta extraordinária qualidade e beleza, conferindo-lhe a reputação de um dos melhores cartógrafos de seu tempo.