"O leilão da casa da Mariquinhas"
O seu primeiro disco foi gravado em 1929 mas, apesar de ser contemporâneo da popularidade da gravação discográfica, Marceneiro gravou pouco, embora o pouco que tenha gravado seja ainda hoje um marco na história da música portuguesa - ficou célebre o seu álbum The Fabulous Marceneiro de 1960, onde muitos dos seus grandes clássicos estavam reunidos. Mas o fadista achava que a divulgação que o disco trazia ao fado lhe era nefasta e, sobretudo, não gostava de estar em estúdio! Precisava da presença e do calor do público à sua frente, necessitava de um ambiente nocturno e semi-obscuro para o seu talento desabrochar. Ora, os estúdios de gravação funcionavam de dia e a luz natural incomodava-o, ao ponto de apenas conseguir gravar de olhos vendados ou com as janelas cobertas com espessos panos pretos, para não deixar passar a luz do sol... Era na noite lisboeta e nas casas de fado que se sentia em casa. Nunca fez digressões ao estrangeiro e raras vezes cantou fora de Lisboa; e nunca abandonou o seu emprego de marceneiro, do qual se reformou em 1959.
PortalDoFado