Hoje vou contar-vos a historia que ha muito tempo quase tinha esquecido... Era uma vez uma menina que conheci com 16 anos ; na altura, tinha eu 22 anos e uma namorada que não gostava de mim ; levava eu uma vida de bohémia entre bares, discotecas, noites frias, quentes mas sempre humidas e sempre à tabela, sob estrelas, para que os malteses (desta feita franceses), imensamente racistas porque cretinos, me não fizessem a folha quando soubessem que não era francês.
Jogava rugby em equipas francesas, falava francês sem sotaque e os parvonias não se apercebiam de nada ; o problema começou quando fui contratado pelo Desportivo Português para praticar... futebol ! Não mais me perdoaram e eu, nas tintas que estava, mandei-os definitivamente para aquele sitio do alto do mastro das nossas caravelas : o « caralho » ! Não é palavrão não ; aquele sitio, no alto do mastro principal, servia aos vigias para observarem o horizonte.
Entretanto, tinha conseguido um job em janeiro de 1971 – no consulado honorario de Portugal em Dax – cujo cônsul era igualmente agente geral da firma portuguesa « Tabopan » de Amarante o que me permitiu trabalhar em Paris em 1971 e 1973.
Excusado serà dizer que o provinciano abstrato, filho de operarios que viviam sem grandes recursos, se sentiu naquela cidade à grande e à francesa...
Aproveitei Paris e à noite, no hotel, comecei o namoro épistolar com aquela menina linda que me seduziu instantaneamente. Casamos pouco tempo depois ; vivemos, no inicio, sem grandes meios materiais mas eramos muito felizes e tivemos quatro filhos adorados.
Como com todos os casais houve momentos menos felizes mas conseguimos estar 45 anos juntos até que a doença a levou.
Sei quanto me amavas, sei que por vezes – muito raramente - não te mereci.
Julia, hoje dia do meu aniversario, - como sabes fis 70 anos - e felizmente muitos amigos mostraram por ti e por mim o nosso reencontro nos confins do Universo para poder repetir que te amo e que sinto a tua ausência cada vez mais.
Até breve Bébé.
09-03-2021
JoanMira